Por Diogo Richartz Benke, reitor da Católica de Santa Catarina
Em 7 de abril, é comemorado o Dia Mundial da Saúde, mas este é um tema que não se restringe a um dos 365 dias do ano. Mas o que é saúde? No meu ponto de vista, uma boa saúde tem dois pilares principais. Um deles, que ficou ainda mais evidente na pandemia, é o equilíbrio da saúde emocional e da saúde física. O segundo é o equilíbrio de todas as vertentes da vida. Amigos, família, trabalho, lazer e ócio. Atingir esse equilíbrio é um processo longo, mas possível. Deve ser uma busca incessante para perceber quando é hora de tirar o pé do acelerador em um aspecto ou dar mais foco a outro. Demanda muita atenção. É um exercício diário.
A preservação da saúde não somente prolonga a vida, mas faz com que ela seja mais proveitosa. Ter alimentação saudável, menos estresse e estar mais atento ao equilíbrio traz frutos já no presente. Proporciona mais disposição para ter tempo de qualidade com os filhos, para viajar e para levantar do sofá. Reduz dores: as dores psicológicas – que levam à depressão e ao baixo astral -, e as dores físicas, que causam privações e necessidade de tomar remédios.
Para atingir o equilíbrio, é importante identificar os gatilhos do que nos faz bem e começar a trabalhar com eles. No meu caso, um dos gatilhos é o exercício físico, que ajuda a distrair a mente. Tem estudos que atestam que pessoas ativas têm benefícios fisiológicos e psicológicos. Durante as atividades, nos desconectamos dos desafios do cotidiano. Essa desconexão permite desacelerar o corpo e a mente.
Outro gatilho que precisamos estar atentos é sobre o que faz mal e, da mesma forma, trabalhar nesses pontos. Identificar essas questões permite, no plano racional, olhar os desafios “de fora” e entender que nada que aconteça deve ter o poder de tirar a saúde e o sono. Chegar nesse estágio é uma grande conquista.
Oscar Motomura, CEO e fundador Grupo Amana-Key, um especialista em gestão, estratégia e liderança, diz que “por fora, o mundo pode estar a 100 km/h mas, por dentro, a velocidade interna deve ser 0 km/h”. O estresse é um mal mundial e o maior ofensor da saúde, seguido pelo sedentarismo. Aprender a controlar essas questões é fundamental.
Identificar os vilões da saúde passa pelo autoconhecimento. Não devemos ter medo de olhar para dentro e enfrentar os conflitos interiores. Cada um tem o seu vilão. Não existe uma receita. Para alguns, o vilão da saúde é ter de conviver socialmente de forma muito ativa. Para outros, é justamente o contrário, e interações sociais fazem bem.
Cuidar de si é uma tarefa para agora. Não dá para adiar. Aliás, a procrastinação é um grande mal. Deixar para depois o que poderia ser feito hoje promove acúmulo. Quando você vê, está em um mar de problemas, sejam eles psicológicos ou de saúde física.
Em todos esses aspectos, os profissionais da saúde são essenciais na busca pelo bem-estar. Tenho o privilégio de conviver com muitos deles na minha própria família. Além disso, já trabalhei em setores de saúde e acompanhei de perto a rotina. Uma das lições que a pandemia deixou é sobre o valor desses guerreiros. É realmente uma vocação, são verdadeiros heróis, com uma capacidade incrível de manterem o foco e serenidade ao mesmo tempo em que absorvem e mitigam o sofrimento alheio.
Esses tempos desafiadores que temos vivido mostraram, também, as nossas fragilidades. A sociedade está mudando. As pessoas estão ficando mais velhas e os tipos de doenças, mais diversificados e graves, como ocorreu com a Covid-19. São necessários novos entendimentos e especializações. Já as crianças, estão sob o risco de problemas cognitivos devido ao uso excessivo de aparelhos digitais.
A sociedade precisa avançar em ter uma visão mais clara de todo o potencial desses profissionais e sobre a necessidade da atuação deles de forma interligada. É justamente a conexão multidisciplinar que conectará e trará o equilíbrio dos aspectos emocionais e de qualidade física de vida.
É uma missão e tanto, para a qual nós da Católica de Santa Catarina estamos atentos. Nesta pandemia de Covid-19, por exemplo, estreitamos ainda mais os laços com Jean Rodrigues da Silva, Secretário de Saúde de Joinville; com Alceu Moretti, Secretário de Saúde de Jaraguá do Sul; com a Secretaria de Saúde de Santa Catarina; e com os presidentes de comitês de enfrentamento. Acompanhamos de perto esse trabalho incansável e complexo, com elevados níveis de carga emocional e pressão, e que, mesmo assim, está sendo muito bem-feito, apesar das dificuldades.
Marcamos presença em várias ações de apoio. Em Jaraguá do Sul, participamos ativamente no inquérito epidemiológico da Covid-19, juntamente com a prefeitura, o comitê, a Secretaria de Saúde e a Vigilância Sanitária da cidade. Aplicamos duas etapas do questionário para monitorar o comportamento da epidemia no poder público, e em algumas rodadas pontuais, na iniciativa privada. O conhecimento construído embasou uma tomada mais assertiva de decisões.
Desenvolvemos ações sociais para produção de máscaras e de vestimentas para profissionais de saúde, além da doação de produtos e equipamentos. Em parceria com hospitais, encabeçamos projetos de estudo da epidemiologia. Não poupamos esforços para auxiliar o combate ao coronavírus.
Dentro dos nossos muros, buscamos oferecer formações na área de saúde embasadas na ética, na solidariedade e em sólidos valores humanos. Capacitamos as capacidades técnicas juntamente e, em paralelo, as emocionais. Tudo com o apoio de uma estrutura adequada e de um competente corpo docente. Acreditamos que esta é a base para a construção do conhecimento que resultará em um atendimento de maior qualidade para a população e, acima tudo, que estejamos entregando para a sociedade bons cidadãos.