O engenheiro formado pelo Curso de Engenharia de Produção da Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul, Marcelo Riese, 26 anos, desenvolveu um projeto com o objetivo de reaproveitar as cinzas da casca de arroz rejeitadas nas agroindústrias que beneficiam esse cereal. Ele realizou testes e comprovou que esse material, geralmente descartado no meio ambiente, pode ser incorporado aos tijolos e telhas usados em construções, evitando a poluição do ar, da água e do solo.
Durante os testes de compactação, realizados durante o projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), finalizado em março, Marcelo misturou as cinzas à argila e constatou que a adição de até 10% do rejeito à mistura não muda a resistência da cerâmica – desde que sua utilização esteja associada ao correto uso dos processos térmicos, de fabricação e controle de parâmetros. Foram testadas cinco composições, com porcentagens de cinzas que variaram desde a argila pura até 20%.
Além de abundante, na agroindústria a casca de arroz é considerada também um dos resíduos vegetais que mais produz cinzas ao ser queimado. A pesquisa, inspirada em outros estudos do gênero, pode servir como incentivo para empresas fornecedoras do rejeito do processo de beneficiamento do arroz e fabricantes de produtos cerâmicos criarem um ciclo sustentável. O engenheiro destaca que, no Brasil, as cinzas da casca de arroz já são utilizadas, com sucesso, na composição de cimento.
“Os resultados mostram que o resíduo pode ser aproveitado na construção civil sem interferir na qualidade da fabricação do material, evitando que seja descartado em forma de aterro e cause problemas ambientais”, explica o ex-aluno, que se formou no começo deste mês. Marcelo também reforça que, ao misturar as cinzas da casca de arroz na cerâmica, retira-se menos argila do meio ambiente.
Com uma produção anual de cerca de 10 milhões de toneladas de arroz, o Brasil ocupa o décimo lugar na lista dos produtores mundiais. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, com cerca de 45% da produção nacional. Em todo o mundo, estima-se atualmente uma produção de 100 milhões de toneladas de arroz a cada ano – um volume extremamente grande de grãos, de cascas desse produto agrícola e de cinzas resultantes da queima desse resíduo da indústria arrozeira.