As máquinas inteligentes já são uma realidade e começam a desenhar um novo cenário, tanto dentro quanto fora das linhas de montagem. A era da chamada “Indústria 4.0” está revolucionando não só as fábricas em todo o mundo, mas também exigindo da sociedade uma nova forma de pensar. Para conviver com a rápida automatização, as pessoas precisarão se adaptar às mudanças que prometem transformar o mercado de trabalho e o perfil do profissional do futuro.

Tema de inúmeros estudos e de discussões pelo planeta, o assunto foi debatido na segunda-feira, 7, na Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul, durante a palestra “A qualidade, eficiência e competitividade como alicerces para transformação da indústria e sociedade brasileira – um benchmarking com referência à parceria da Alemanha (Indústria 4.0) e Japão (Sociedade Super Inteligente 5.0)”.

Confira, a seguir, dez lições deixadas pelos professores Juliano Heinzelmann Reinert e Sebastião Lauro Nau sobre as mudanças que a conectividade trará no futuro.

50 bilhões de coisas conectadas

Em um futuro próximo, no ano de 2020, o mundo terá 7 bilhões de pessoas conectadas e 50 bilhões de coisas conectadas. Em 1995, quando a Internet dava os primeiros passos no Brasil, o mundo tinha 40 milhões de pessoas conectadas. Em 1997, havia 6 milhões de computadores conectados à internet. Um levantamento do Fórum Econômico Mundial revela que, em 20 anos, houve uma evolução de 6.000% na memória dos computadores. A previsão é de que existirão 1 trilhão de sensores diferentes conectados no mundo até 2022.

Alicerces da Indústria 4.0

O termo Indústria 4.0 faz referência à 4ª revolução industrial e prevê uma era de mudanças que tem como alicerce a conectividade. As fábricas serão inteligentes, com máquinas que monitoram umas às outras e se comunicam entre si. Essa disrupção se baseia em três itens: Inteligência Artificial, Big Data – em que todas as informações geradas são disponibilizadas na nuvem, ou seja, em servidores espalhados pelo mundo – e Internet das Coisas, em que os dispositivos são interconectados por meio da Internet.

Internet das Coisas

A previsão é que o mercado de Internet das Coisas tenha um crescimento cerca de 20% ao ano até 2020. Esse incremento só será possível à medida em que os sensores ficarem mais baratos e os dispositivos gastarem menos energia. De acordo com uma pesquisa da Mckinsey & Company, no futuro, a Indústria 4.0 deve reduzir os custos de manutenção de equipamentos entre 10% e 40%, diminuir o consumo de energia elétrica entre 10 e 20% e aumentar a eficiência do trabalho entre 10 e 25%.

Competividade

Mover as indústrias para países emergentes já não é mais um caminho de sucesso. O Japão e a Alemanha – nações pioneiras no desenvolvimento da Indústria 4.0, onde as fábricas inteligentes já são uma realidade – entenderam que a solução para tornar as indústrias mais competitivas é não precisar de muita mão de obra cara e investir na conectividade para atrair as grandes empresas de volta.

Pessoas x robôs

As grandes economias mundiais defendem que a nova era da automatização a caminho tem como foco as pessoas, e não as máquinas. Assim, a ideia de “Indústria 4.0” evoluiu para o conceito de “Sociedade 5.0”, ou “Sociedade Super Inteligente”, que prevê uma realidade em que pessoas e robôs conviverão de forma harmoniosa. Essa parceria ajudará o ser humano a não errar e, com isso, o trabalho será mais inteligente e, os serviços, mais eficientes.

Problemas globais

Mais do que aumentar a eficiência das fábricas, a ideia de “Sociedade 5.0” busca soluções para questões que afetam as pessoas fora das indústrias. O objetivo é resolver problemas sociais e globais com a ajuda da tecnologia, como: envelhecimento da população, desigualdade social, desastres naturais, limitação de energia, trânsito, segurança, entre outros. Buscar a qualidade de vida da população e preservar o lucro das empresas ao mesmo tempo é o grande desafio da sociedade nesse período de transição.

Mercado de trabalho

Os conceitos de “Indústria 4.0” e de “Sociedade 5.0” vão impactar todos os setores da sociedade, inclusive o mercado de trabalho. Os profissionais terão de se adaptar para não perderem seus empregos para os robôs, se especializando em alguma área e aprendendo a lidar com a tecnologia. O profissional do futuro será o especialista com conhecimento para ensinar a máquina a realizar tarefas que ajudarão o ser humano a trabalhar melhor.

Negócios inovadores

Para se adaptar à era da conectividade, as empresas brasileiras precisarão mudar seu modelo mental. A tendência é que as empresas passem a vender cada vez menos produtos e mais serviços, que serão cada vez mais customizados, de acordo com o perfil do cliente. Os novos modelos de negócios de sucesso já funcionam dessa forma: o Ubber não tem carro; o Facebook não produz conteúdo; o Alibaba não possui estoque; a Airbnb não tem imóveis; a Spotify não compõe música; e a Netflix não produz nenhum filme.

Infraestrutura

Não adianta uma empresa automatizar sua produção, conectando todas as máquinas, se o país não contar com infraestrutura para isso: boas rodovias, internet rápida, conexão via satélite e investimento do governo em educação para preparar os futuros profissionais para essas mudanças. Também não vale a pena a indústria investir em uma modernização completa se isso não trouxer uma vantagem real, como aumento da produtividade, melhoria da qualidade ou redução dos acidentes de trabalho.

Mobilização no Brasil

Em 2016, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior criou um grupo de trabalho para debater como devem ser as políticas públicas voltadas à Indústria 4.0 no país, que conta com a participação de profissionais das áreas pública e privada. Dessa forma, o Brasil começa a se mobilizar para acompanhar as mudanças tecnológicas que estão a caminho.

De acordo com o professor Juliano, a base da Indústria 4.0 se baseia em três alicerces: Inteligência Artificial, Big Data e Internet das Coisas

De acordo com o professor Juliano, a base da Indústria 4.0 se baseia em três alicerces: Inteligência Artificial, Big Data e Internet das Coisas

Sebastião Lauro Nau destacou que empresas brasileiras precisarão mudar seu modelo mental para se adaptar à era da conectividade

Sebastião Lauro Nau destacou que empresas brasileiras precisarão mudar seu modelo mental para se adaptar à era da conectividade