Para que possa se desenvolver com qualidade, a região Norte precisa reduzir a burocracia e ampliar os investimentos na qualificação da mão de obra. Estas foram constatações de painel que o curso de Administração da Católica de Santa Catarina realizou na quinta-feira, dia 12, com o objetivo de discutir o cenário de desenvolvimento da região Norte do Estado e os desafios dos profissionais da área.
O encontro realizado na Mitra Diocesana de Joinville marcou o Dia do Administrador (9 de setembro) e contou com as presenças do secretário de Planejamento Jalmei Duarte; o vereador Rodrigo Fallgatter Thomazi; o vice-presidente da Associação Empresarial de Joinville e professor de pós-graduação da Católica SC André Chedid Daher; o presidente da Fampesc – Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina e professor de pós-graduação da Católica SC Diogo Henrique Otero; o professor Cláudio Sérgio Moreira, coordenador de Pós -graduação e do curso de Administração da Católica SC; e como mediador o professor-doutor José Tavares de Borba, coordenador docente de pós-graduação e professor da Católica SC.
Para os painelistas, a excessiva carga fiscal e tributária e a rigorosa legislação trabalhista e ambiental inibem os investimentos das empresas, agravada pela falta de mão de obra qualificada. “Falta ao Estado uma visão de apoio aos empreendedores que já estão aqui, pois muitas vezes se oferece melhores condições aos investimentos de fora”, comentou André Chedid Daher. O empresário citou o incentivo à terceirização e a pluralidade sindical como medidas que podem estimular o crescimento econômico.
Para o presidente da Fampesc Diogo Otero as pequenas e micro empresas já provaram sua efetiva participação na economia, respondendo por mais de 70 por cento dos empregos com carteira assinada no País. “Uma região que cresce a média de 6 a 7 por cento ao ano, como é o caso da região Norte do Estado, tem no segmento das micro e pequenas empresas sua grande força. Com menos burocracia e mais incentivo à inovação, este setor vai crescer muito mais”. Também mencionou a maior articulação da academia, do poder público e da iniciativa privada como importantes vetores de desenvolvimento.
Falando como gestores públicos, Jalmei Duarte e Rodrigo Thomazi acentuaram as dificuldades que se encontra para a tomada de decisões muitas vezes simples para a iniciativa privada. “Há um burocratismo que contraria que se espera para que o Estado se torne mais competitivo através das suas indústrias. Isto compromete qualquer perspectiva de desenvolvimento”, pontuou Duarte. Thomazi abordou aspectos que segundo ele precisam ser discutidos quando se fala em abertura de empresas, como as questões de planejamento urbano e de mobilidade, logística e na maior flexibilização de processos de abertura de empresas. “Há setores estratégicos que ficam comprometidos porque o rigor da legislação é o mesmo para todos os tipos de negócios. É preciso compreender cada situação e criar as condições favoráveis sem que questões legais sejam deixadas de lado”, resumiu.
Para o professor Cláudio Moreira, o debate foi oportuno na medida em que colocou na pauta as diferenças entre crescimento e desenvolvimento. “O administrador precisa ter noção desta diferença”, lembrou, destacando que três eixos devem orientar qualquer abordagem voltada à discussão de canais de desenvolvimento da economia. “Pensar os recursos humanos, os recursos tecnológicos e os recursos financeiros é condição fundamental nesta reflexão”, completou. O mediador José Tavares entende que o desafio é administrar a cadeia de valor com inteligência, de maneira a conciliar os interesses seja no ambiente privado, como público, e o da academia. “Temos uma região diferenciada por sua cultura empreendedora que precisa ser apoiada na forma de mais incentivos fiscais, desoneração, inovação e logística, com menos entraves do setor público, de maneira a não comprometer um perfil que está acima da média nacional”, observou.