O professor Itamar Luis Gelain, do Centro Universitário – Católica de Santa Catarina em Joinville, e o professor Jaimir Conte, do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), traduziram o livro Ensaio sobre Strawson, organizado por Carlos Caorsi e publicado originalmente no Uruguai. A tradução desse livro foi publicada pela Editora Unijuí em dezembro de 2014 e consiste numa contribuição importante para os estudos sobre o pensamento filosófico de Strawson no Brasil.

O livro Ensaios sobre Strawson inclui oito ensaios que versam sobre metafísica, epistemologia, lógica, e filosofia da linguagem. Cada um dos oito ensaios é seguido pelas réplicas diretas de Strawson aos seus autores. Os autores Juan C. D’Alessio, Jorge J. E. Gracia e Jesús Mosterín discutem, a partir da obra Individuals, a concepção strawsoniana de metafísica descritiva e de metafísica revisionista em contraposição à metafísica tradicional, bem como a questão da identificação e/ou individuação de particulares e a noção de indivíduo concebida ao longo da história da filosofia.

Mauricio Beuchot discorre sobre o problema da verdade e acerca de como a teoria de Strawson foi sendo ligeiramente alterada ao longo de sua carreira filosófica. Ernest Sosa, por sua vez, analisa o tema da percepção na filosofia de Strawson em contraposição a abordagem de Alfred Ayer. Carlos E. Caorsi e Robert Calabria tematizam, respectivamente, o problema da referência no confronto Strawson-Russell e a doutrina da pressuposição de Strawson, a qual implicaria uma lógica desviante.

Por último, Tereza de J. Zavalía examina a filosofia da linguagem de Strawson e aponta que sua abordagem possui limitações que o impediram de tratar de toda a riqueza e complexidade dos fenômenos linguísticos.

Considerado como um dos principais filósofos da segunda metade do século XX, P. F. Strawson (1919-2006) ofereceu importantes contribuições para a filosofia da linguagem, para a metafísica, epistemologia e história da filosofia. Associado ao movimento da filosofia da linguagem dentro da filosofia analítica, tornou-se conhecido inicialmente com a publicação do artigo On Referring, em 1950, no qual criticava a teoria das descrições definidas de Bertrand Russell. Tornou-se renomado posteriormente em virtude da reconstrução analítica que fez dos argumentos apresentados por Immanuel Kant na Crítica da Razão Pura, bem como pela defesa, particularmente na obra Individuals, de uma reabilitação da metafísica como disciplina filosófica.

Autor de importantes obras, algumas delas já traduzidas para o português, como Análise e Metafísica, Ceticismo e Naturalismo, P. F. Strawson mantém-se vivo nos estudos e debates filosóficos contemporâneos, incluindo uma crescente atenção por parte de alguns pesquisadores de filosofia no Brasil.