Há cerca de cinco anos, a empresária Carmen Hreczuck nem imaginava que a palavra “sustentabilidade”, que tanto se fala hoje, seria responsável pelo seu ganha-pão. Durante as aulas do curso de Moda, ela descobriu que poderia produzir joias a partir de um produto muitas vezes desperdiçado: a fibra da bananeira.

Com o passar do tempo, Carmen e a sócia, Jackeline Rode, perceberam que a matéria-prima usada para criar ecojoias serve também para outras finalidades. Hoje, a Sustinere Soluções Sustentáveis, abrigada no JaraguaTec – Núcleo de Inovação e Pesquisas Tecnológicas, busca certificação para comercializar uma placa atenuadora de som, produzida com fibra da bananeira.

A ideia de criar a placa acústica surgiu como alternativa aos modelos existentes no mercado, fabricados com espuma ou lã de vidro. Os primeiros testes começaram a ser realizados há cerca de um ano e meio, nos laboratórios da Católica de Santa Catarina. “Além de não causar impacto no meio ambiente, a placa receberá um tratamento para evitar que danifique, embolore ou pegue fogo. Quando for inutilizada, irá se decompor rapidamente, diferente do que acontece com os outros materiais”, comenta.

Carmen representa uma grande parcela dos brasileiros que vem optando em ser dono do próprio negócio em vez de seguir carreira em uma empresa. Pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2015, patrocinada pelo Sebrae e divulgada em fevereiro deste ano, mostra que, de cada dez brasileiros adultos, quatro já possuem ou estão envolvidos com a criação de um negócio.

Em 2015, a taxa de empreendedorismo no país foi de 39,3%, o maior índice dos últimos 14 anos e quase o dobro do registrado em 2002, quando a taxa era de 20,9%. O Dia do Empreendedor, lembrado nesta quarta-feira, 5, reforça a importância desse profissional para o crescimento da economia brasileira.

Em Jaraguá do Sul, o Núcleo de Inovação e Pesquisas Tecnológicas – JaraguaTec é uma das entidades que apoiam a criação de pequenos negócios para a geração de emprego e renda. A incubadora, anexa à Católica de Santa Catarina, abriga 14 empreendimentos que criam soluções tecnológicas para as empresas da região.

O gestor do JaraguaTec, Victor Alberto Danich, destaca, entre os benefícios oferecidos pela incubadora, as capacitações gratuitas às empresas incubadas, o acesso facilitado aos laboratórios e às bibliotecas de universidades e instituições ligadas à tecnologia, e o menor custo de utilização do espaço – já que o setor administrativo atende a todos os empreendimentos, de forma compartilhada.

Desde o surgimento do JaraguaTec, em 2004, o núcleo já atendeu 17 empresas, das quais 12 estão estruturadas no mercado. A maioria dos empreendimentos incubados atende aos segmentos de metal-mecânica e tecnologia da informação e foca nas áreas de robótica e eletrônica embarcada.

Empreendedores da área de robótica colhem os primeiros frutos

Seguindo a tendência apontada pela pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, os sócios Jean Carlo Karsten e Agnaldo Bertan decidiram mergulhar de cabeça no mundo dos negócios. Neste ano, eles abriram a startup RBR Robótics Brasil, que produz máquinas para a automação do processo final de produção. Os projetos customizados dos robôs são desenvolvidos dentro do JaraguaTec e a fabricação é realizada na unidade fabril, instalada na cidade de Morro da Fumaça, no Sul do Estado.

Neste ano, a RBR Robótics vendeu cinco robôs para empresas do segmento de cerâmica. Para 2017, a expectativa é vender de 12 a 15 robôs para diversos setores da economia.

Após meses de estudo de mercado e de planejamento estratégico minucioso, Jean e Agnaldo encaram o Dia do Empreendedor com otimismo, pois os primeiros frutos de todo o esforço despendido começam, finalmente, a aparecer.

 

Carmen é sócia de uma empresa que produz ecojoias a partir da fibra da bananeira

Carmen é sócia de uma empresa que produz ecojoias a partir da fibra da bananeira