A inovação é a principal forma de diferenciar os produtos entre os concorrentes. E, se a novidade gerar economia, traz maior lucratividade para a empresa. Pensando nisso, o engenheiro de produção formado pela Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul, Carlos Alberto Martim, criou o protótipo de uma rebobinadeira de linha de costura diferente das comercializadas no mercado, para ser utilizada em microempresas de fação de peças do vestuário.

O projeto da rebobinadeira prevê apenas um cone para transferência de linha, um conceito que, de acordo com ele, não é comercializado no Brasil. Os equipamentos que transferem a linha de costura disponíveis no mercado, importados da China, têm dois cones, atendendo às confecções do vestuário com maior volume de produção. Porém, esses modelos não são economicamente atrativos às necessidades das microempresas. Isso porque as chamadas “facções” possuem uma demanda de produção menor e, com isso, acabam comprando a linha de costura – que são comercializadas em cones patronizados – em quantidades maiores que o necessário. Além de ser um gasto extra, essa padronização faz com que o material seja um grande gerador de estoque.

A maior vantagem do protótipo de Carlos é o custo de aquisição mais baixo se comparado às opções existentes no mercado. Funcionando com apenas um cone, a rebobinadeira precisa de menos peças para ser construída, tornando o seu custo de fabricação menor. Enquanto os preços dos dois modelos de rebobinadeira disponíveis no mercado são comercializados por R$ 700,00 e R$ 1,200,00, o desenvolvido por Carlos custaria R$ 550,00 – uma economia de R$ 150,00 em relação à rebobinadeira de menor custo. Esse valor torna o produto mais atrativo na decisão de investimento dos microempreendedores.

Carlos desenvolveu o protótipo durante o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para atender à necessidade real de duas microempreendedoras de facção de peças do vestuário de Jaraguá do Sul. A novidade está sendo utilizada na facção há dois meses e, desde que foi implantada, gerou uma economia de cerca de R$ 50,00 por mês na compra de cones de linha de costura – valor que as sócias estão utilizando para pagar o custo do protótipo desenvolvido.  Como as proprietárias estão se deslocando menos para comprar a linha, os gastos com logística diminuíram em cerca de 50%. Além disso, as sobras do material também caíram pela metade.

Na pesquisa realizada por Carlos durante o TCC, foi realizado um questionário perguntando o que os entrevistados consideravam importante na hora da compra de uma rebobinadeira. O resultado foi que 54% das microempresas de vestuário que participaram do estudo disseram que escolheriam a rebobinadeira de R$ 550,00 em vez de um dos dois modelos comercializados na região (de R$ 700,00 e de R$ 1.200,00), por atender ao custo-benefício dos pequenos empreendimentos.

Carlos apresentou o trabalho no início de março e formou-se no curso de Engenharia de Produção neste mês. “Além do aprendizado que obtive com a experiência de construir o protótipo, contribui com uma solução de redução de custos para as microempreendedoras”, avalia. O engenheiro também destaca que, se algum acionista no país tiver interesse em comercializar a rebobinadeira desenvolvida, o protótipo possibilita abrir uma solicitação de registro, para proteger os direitos autorais do desenvolvimento do produto, e possivelmente, ganhar royalties na comercialização.

Protótipo de Carlos está sendo utilizado em uma facção de peças do vestuário há dois meses, reduzindo custos com compra de linhas de costura

Protótipo de Carlos está sendo utilizado em uma facção de peças do vestuário há dois meses, reduzindo custos com compra de linhas de costura