Utilizando impressão 3D, alunos de Engenharia Mecânica criam dispositivo funcional com custo de apenas R$ 70
Alunos do curso de Engenharia Mecânica do Centro Universitário Católica de Santa Catarina, em Joinville, desenvolveram uma prótese de mão utilizando impressão 3D. O objetivo do projeto foi criar um dispositivo acessível e funcional para pessoas que tiveram a mão amputada ou nasceram com má formação, devolvendo o movimento de “pega” por meio de mecanismos mecânicos.
O trabalho, realizado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), resultou em uma prótese com custo de produção estimado em apenas R$70, um valor significativamente inferior ao das próteses disponíveis no mercado, que podem ultrapassar R$10 mil. O projeto foi testado em uma voluntária que nasceu com uma má formação e apresentou resultados promissores desde os primeiros testes.
“Um dos maiores desafios foi a idealização do protótipo. Foram feitos 10 modelos diferentes para testar impressão, resistência, design, funcionamento e ergonomia”, explicou o professor Dinor Martins, apoiador do projeto. Ele destacou que a equipe não tinha experiência prévia com impressão 3D e precisou aprender a técnica durante o desenvolvimento da prótese.
O dispositivo funciona com base em um sistema de alavancas acionadas por um cabo que utiliza o movimento do punho para realizar a pega. A voluntária, que testou a prótese, conseguiu realizar movimentos básicos, como segurar um copo, após poucos minutos de adaptação. “Ela ficou muito satisfeita com os resultados e o impacto positivo na sua qualidade de vida foi evidente”, complementou o professor.
O projeto, desenvolvido pelos alunos Vitor Giesel Carneiro Lins e Caio Herison Padilha com orientação do professor Valdeon Sozo, teve apoio técnico do orientador, sem o envolvimento de laboratórios externos ou empresas. “Esse baixo custo é essencial, considerando que boa parte da população não tem acesso às próteses convencionais”, afirmou Martins.
Os próximos passos envolvem a realização de mais testes com outros voluntários e a busca por parcerias com empresas ou ONGs que possam ajudar a expandir o projeto. “Acreditamos que essa tecnologia pode ser replicada em larga escala, especialmente em hospitais e instituições que atendem pessoas com limitações financeiras”, disse o professor Dinor.
Para os envolvidos no projeto
Para os estudantes, o processo de aprendizado foi desafiador, especialmente porque começaram sem experiência prévia com impressão. “Tivemos que aprender tanto a modelagem 3D quanto as configurações específicas de impressão para garantir que as peças fossem funcionais e resistentes. Um dos principais desafios foi encontrar o equilíbrio entre o design e a eficiência da impressão, além de lidar com erros e falhas de materiais”, detalhou Vitor.
Já sobre o impacto de ver a voluntária utilizando a prótese pela primeira vez, Caio comentou: “Foi um momento extremamente gratificante. Ver a voluntária segurando um copo após poucos minutos nos deu uma enorme sensação de realização, não só pelo sucesso técnico, mas pelo impacto real que tivemos na vida de alguém.”
Quanto aos planos futuros, Vitor explica: “Queremos continuar trabalhando com tecnologia assistiva, aprimorando o design e buscando parcerias com hospitais e ONGs para levar essa solução a quem mais precisa.”
Inovação e interdisciplinaridade
O projeto reflete o compromisso da Católica de Santa Catarina em incentivar os alunos a se envolverem em desafios do mundo real por meio de disciplinas práticas e interdisciplinares. “A faculdade nos permitiu integrar conhecimentos de diferentes áreas, como impressão 3D e modelagem computacional, para criar soluções acessíveis”, ressaltou Martins.
O apoio contínuo dos professores e a abertura para experimentação foram essenciais para motivar os alunos a desenvolver soluções inovadoras e práticas, como a prótese de baixo custo.
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