Um relatório divulgado em abril pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA -, alerta para o risco que os brasileiros correm por viver num País que é o campeão mundial no consumo de agrotóxicos.
No documento, o INCA posiciona-se contra as atuais práticas de uso de agrotóxicos no Brasil e ressalta seus riscos à saúde, em especial nas causas do câncer. O órgão também ressaltou que o modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos prejudica a saúde dos trabalhadores, sujeitos à intoxicação, e de toda a população.
A professora do Curso de Nutrição da Católica de Santa Catarina, Gabriella Bettiol Feltrin, destaca que, além do câncer, o consumo de alimentos com agrotóxicos pode causar outros problemas, como infertilidade, impotência, aborto, deformações fetais, alterações hormonais, doenças hepáticas e renais, entre outras.
“Os agrotóxicos contêm substâncias altamente tóxicas, que não conseguem ser metabolizadas pelo organismo e desta forma acabam se depositando no corpo e ocasionando doenças”, comenta Gabriella.
Apesar da preocupação com os agrotóxicos, o INCA deixa claro que as pessoas não devem diminuir o consumo de frutas, legumes e verduras, fundamentais para uma alimentação saudável. O Instituto defende a redução do uso de pesticidas e maior incentivo à produção de alimentos orgânicos.
Consumidor deve estar atento à qualidade
A professora Gabriella Bettiol Feltrin ressalta que é importante o consumidor estar atento à qualidade dos alimentos. Entre as dicas estão o acompanhamento dos relatórios divulgados pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – e optar por produtos que tenham a comprovação de origem. Outra alternativa é optar por alimentos orgânicos, com origem identificada e certificado com os selos “Produto Orgânico” ou “Brasil Certificado”.
Segundo relatório da Anvisa, os alimentos que ultimamente têm apresentado quantidade de agrotóxicos acima do permitido são: pimentão, morango, tomate, pepino, abacaxi, cenoura, alface e beterraba. “Neste caso, a orientação não é deixar de consumi-los, mas optar por orgânicos, escolher alimentos não tão atrativos visualmente e comprar em locais que se conhece a procedência”, orienta.
Gabriella explica que os alimentos orgânicos, além de estarem livres de substâncias tóxicas ao organismo, apresentam maiores quantidades de nutrientes (vitaminas e minerais), fortalecendo o sistema imunológico e prevenindo doenças. “Além disso, por concentrarem menos água, o sabor dos orgânicos também tende a ser mais intenso e agradável quando comparado aos produtos tradicionais”, complementa.
Para quem não tem acesso à alimentação orgânica, a dica da professora é dar preferência a produtos de época. “A quantidade de agrotóxicos utilizada neles é muito inferior aos produtos fora do tempo de safra”, acrescenta.
Outras dicas para uma alimentação saudável
– Dar preferência ao consumo de produtos integrais (aveia, arroz integral, pão integral etc);
– Reduzir o consumo de açúcar (chocolate, refrigerante, sucos artificiais);
– Reduzir o consumo de gorduras saturadas (carnes com capas de gordura, manteiga, pele de frango e de peixes);
– Reduzir o consumo de gordura trans (biscoitos recheados, pipoca de micro-ondas, fast foods);
– Reduzir o consumo de sal (produtos enlatados, defumados, temperos prontos);
– Consumir diariamente ao menos três porções de frutas e outras três porções de verduras e legumes;
– Ingerir aproximadamente oito copos (250 ml) de água por dia.