O resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da acadêmica da 7ª fase do Curso de Biomedicina da Católica de Santa Catarina em Joinville, Cléia Leimüller, reforçou uma importante conclusão sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama.

De acordo com o estudo, os exames anuais que as mulheres fazem preventivamente para a detecção de tumores cancerosos nas mamas poderiam ser refinados com o auxílio da ressonância magnética, além da mamografia e do ultrassom, mais comuns. A pesquisa demonstrou que esta técnica ajuda a detectar pequenos tumores cancerosos que passam despercebidos quando avaliados pelos métodos diagnósticos por imagens convencionais.

O trabalho foi aprovado em banca examinadora no dia 10 de junho e apresentado pela acadêmica durante o VII Congresso Catarinense de Obstetrícia e Ginecologia e o II Congresso Catarinense de Perinatologia, em forma de pôster, ocorrido em 25, 26 e 27 de junho, em Joinville. A orientação foi realizada pela professora Deli Araújo.

O carcinoma oculto primário de mama é um tumor que geralmente se manifesta sem sintomas e que não é identificado através da mamografia e do ultrassom. O estudo mostra que a alta sensibilidade e especificidade da ressonância permite que esse tipo de câncer seja constatado durante o exame, possibilitando que a realização de uma cirurgia que garante a conservação da mama em vez da mastectomia.

Cléia explica que a ressonância magnética é ideal para diagnosticar esse tipo de lesão, pois consegue identificá-lo no estágio inicial. “Para avaliação de tumores malignos, este método é importante por mostrar focos secundários da lesão antes de serem detectados pelas técnicas diagnósticas convencionais por imagem”, explica.

A acadêmica destaca também que as outras modalidades apresentam limitações, como a avaliação de mamas densas (mamografia), a análise de mamas volumosas e a detecção de microcalcificações (ultrassom). Enfatiza, ainda, que a mamografia utiliza energia ionizante para seu funcionamento, podendo aumentar cinco vezes a chance de mulheres portadoras de mutações genéticas desenvolverem a doença.

Para desenvolver o TCC, a acadêmica apoiou-se em literatura médica sobre o assunto e visitou o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, referência internacional na área da saúde.  

Alto preço do exame é obstáculo

O exame de ressonância é apontado no estudo de Cléia e de outros especialistas da área médica como uma ferramenta eficaz para evitar o diagnóstico tardio do câncer de mama – responsável pela maioria das mortes causadas pela doença. Mas o alto custo é uma barreira para a implantação da técnica na rede de saúde pública do País.

Ela também defende que o investimento no diagnóstico precoce reduziria, consideravelmente, o valor gasto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com a doença. Apoiada em literatura médica, Cléia destaca que o SUS investiu 712 milhões com o tratamento do câncer de mama em 2011, contra R$ 176 milhões utilizados para a prevenção.

A ressonância magnética é indicada para controle do câncer de mama principalmente em mulheres pertencentes ao grupo de risco, como: as que menstruaram antes dos 11 anos; que entraram na menopausa após os 55 anos; que nunca engravidaram ou que tiveram a primeira gravidez após os 30 anos; que têm ciclos menstruais menores que 21 dias e que possuem mãe ou irmã com histórico de câncer na pré-menopausa.

Outros fatores que contribuem com a doença são: dieta rica em gordura animal, dieta pobre em fibras, obesidade (principalmente após a menopausa), radiações ionizantes, alcoolismo, sedentarismo entre outros.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelam que o índice de câncer de mama feminino no Brasil é altíssimo. Em 2014, o instituto estimou 57.120 novos casos da doença para cada grupo de 100 mil habitantes naquele ano.