Desenvolver ideias inovadoras é uma meta de muitos brasileiros, mas nem sempre elas se concretizam por falta de recursos e de conhecimento técnico. Estudos do Global Entrepeneurship Monitor (GEM), realizado em parceria com a London Business School, o Babson College e, no Brasil, Sebrae e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), revelam que o País está entre as nações mais empreendedoras do mundo.

A força deste empreendedorismo está na juventude e pode ser medida pela capacidade de renovação nas duas faixas etárias que mais crescem quando o assunto é novos negócios. Hoje, o grupo dominante é formado por jovens adultos de 25 a 34 anos – soma 22,4%. Mas os que têm de 18 a 24 anos vêm logo atrás e formam a faixa que mais cresceu na última década: 7,4%.

Outra pesquisa, realizada pela agência paulista Namosca – especializada em marketing jovem, revelou que 39% dos universitários pensam um dia ter o próprio negócio. Segundo o levantamento, apenas 4% disseram que não pretendiam empreender, demonstrando o grande potencial criativo no meio acadêmico.

Dois exemplos desta realidade podem ser conhecidos em Jaraguá do Sul, onde egressos da Católica de Santa Catarina colocaram em prática o que aprenderam em sala de aula, para viabilizar novos empreendimentos.

Formado em Engenharia de Produção, Sidernei Adriano Karsten conta que a ideia de montar uma empresa surgiu em março de 2011, depois de ter visitado diversas microcervejarias da região. Neste mesmo semestre, o jovem havia se matriculado na disciplina de Estágio Curricular Obrigatório, juntando a proposta de negócio com a disciplina. Conversou com professores e conseguiu usar como tema de estágio a elaboração de um plano de negócios para implantar uma microcervejaria na região de Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina.

Sidernei conta que na época já fabricava cervejas artesanais, usando panelas de 20 litros de maneira improvisada. Curioso no assunto, ele buscou informações de amigos cervejeiros na região, participou de cursos e de workshops oferecidos pela Acerva – Associação dos Cervejeiros Artesanais de Santa Catarina, se filiando à entidade para ter acesso às novidades do setor. “Percebi que o mercado de cervejas artesanais estava em ascendência no Brasil, mas mesmo assim precisava saber se a região comportaria um empreendimento deste tipo”, conta o jovem.

As respostas vieram com o Plano de Negócios montado com base na metodologia do Sebrae. Após pesquisas de mercado junto a clientes, distribuidores e fornecedores, e de esclarecimentos sobre tributação e marketing, e de visitas a feiras, entendeu que o que era sonho poderia se tornar realidade. “Percebi que o negócio poderia ser viável, mas depende de volume de produção”. Com a ajuda de professores, entendeu os processos de pasteurização, o que assegura uma condição de produção em maior escala do quando produzia para testes, com boa qualidade e em padrões aceitos no mercado.

Atualmente Sidernei defende o projeto no TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, o que poderá assegurar o grau em Engenharia de Produção. Paralelo ao compromisso do estudo acadêmico, com a namorada formou uma sociedade e decidiu seguir adiante. “Estamos em fase de implantação, realizamos alguns investimentos e sabemos que precisamos investir mais. Nossa meta é viabilizar o negócio no prazo de quatro anos. Penso que em qualquer negocio é necessário suar muito a camisa, para colher bons frutos mais tarde”, completa o mais novo cervejeiro da região.

O outro exemplo de empreendedorismo é dado por Gustavo Alfredo Callai e Eduardo Baratto, formandos do curso de Administração, linha de formação Gestão Empresarial e sócios-proprietários da Obra Prima Higienização e Soluções Pós Obra. Eduardo conta que a ideia de montar a empresa surgiu no sexto semestre com a necessidade de definirem o tema do TCC.

Os dois amigos pesquisaram e descobriram que não havia uma empresa com este foco de atividade na região, iniciando pesquisa para saberem a viabilidade do empreendimento. A perspectiva de estarem diante de uma solução de mercado estimulou a criação da empresa antes mesmo da conclusão do TCC, utilizando as informações usadas no projeto. “A grande dificuldade neste ramo de atividade é com a mão-de-obra, que requer muito treinamento e isto representa um custo elevado. Com um árduo trabalho juntamente com os funcionários, dedicação e paciência, esperamos ter sucesso nesta nova fase de nossas vidas”, comenta Eduardo, em tom empresarial.

Atuando no mercado desde março deste ano, atualmente a empresa conta com 9 funcionários, sendo 4 em Jaraguá do Sul e 5 em Balneário Camboriú. Eduardo confessa que a opção pelo curso de Administração não contemplava a possibilidade de abertura de uma empresa, mas hoje agradece a contribuição que a Instituição proporcionou em termos de conhecimento de gestão empresarial e embasamento nas decisões tomadas em um novo empreendimento. “Esperamos que a empresa cresça ainda mais e consiga atingir as necessidades da demanda, suprindo em Jaraguá do Sul e em outras regiões”.

Curso de Administração estimula empreendedorismo

Este ano, uma nova metodologia foi adotada para a elaboração dos trabalhos de conclusão de curso dos acadêmicos formandos do Curso de Administração linha de formação Gestão Empresarial da Católica de Santa Catarina.

Segundo o professor Gelásio Carlini, responsável do Estágio Curricular Supervisionado Obrigatório do Curso de Administração, os acadêmicos se dedicam ao projeto empresarial desde a 6ª fase, “eles são estimulados a criar um trabalho englobando as 4 áreas de atuação administrativa, que são: estratégias de mercado, estratégias de operação e gestão de serviços, gestão de pessoas e estratégia financeira”, afirma o docente, acrescentando que os acadêmicos contam com a orientação de quatro professores, um de cada área específica, para a montagem do projeto.

“O mercado exige profissionais que tenham conhecimento de todas as áreas da administração. Esse elemento é essencial para o relacionamento de estratégias e planos de ações de negócios de uma empresa. Nossos egressos são preparados para serem decididos, estrategistas e específicos”, completou o professor.