Nesta quarta-feira, 28 de abril, é celebrado Dia Mundial da Educação. A data faz referência ao compromisso firmado em 2000, durante o Fórum Mundial de Educação, realizado no Senegal. As lideranças dos mais de 160 países participantes assinaram um documento que tinha como objetivo sinalizar o comprometimento em termos de esforços políticos e financeiros para que toda a população mundial possa ter acesso ao ensino.

A Católica de Santa Catarina também celebra a data e, na unidade de Joinville, iniciou em 2016 uma ação concreta para contribuir no atingimento dos objetivos traçados no fórum: é o Projeto Imigrante Cidadão. O projeto de extensão busca atender as demandas dos imigrantes na aquisição da língua portuguesa. As atividades ocorrem de forma gratuita e têm a meta de oferecer condições para que possam participar de contextos comunicativos que envolvem o uso da língua no cotidiano. “Aprender a língua do país de acolhimento, numa situação de imigração forçada, favorece a inclusão social e profissional dos imigrantes. Esse conhecimento gera igualdade de oportunidades para todos, facilita o exercício da cidadania e potencializa experiências enriquecedoras para quem chega e quem acolhe”, avalia Glaci Gurgacz, professora que está à frente das aulas. Glaci é graduada em Letras Português-Francês, especialista em Leitura e Produção de Textos, Mestre em Ciências da Linguagem e Doutora em Literatura.

Os responsáveis pelo projeto são Claudia Regina Knetschki e Jucerlei Braz Júnior, que contam também com a colaboração de acadêmicos monitores. As aulas ocorrem aos sábados, das 13h30 às 17h. Com a pandemia, passaram a ser ministradas de forma remota. Em caso de problema de conectividade, os alunos recebem as atividades em casa. São 40 vagas, 20 para o nível básico e 20 para o intermediário. A carga horária total é de 120 horas, com 60 para o curso básico e 60 para o intermediário.

O curso tem duração de um ano, que é concluído com a aplicação de uma prova de proficiência, sem consulta. A aprovação ocorre mediante nota maior ou igual a 7. Cerca de 200 pessoas já foram capacitadas pela iniciativa.

Os frutos e planos da iniciativa

As conquistas do projeto vão além do domínio linguístico. “Com a aprendizagem da língua portuguesa, os imigrantes estão conseguindo entrar no mercado de trabalho. Além disso, com a ajuda de alunos, professores da Católica, pessoas da comunidade e do Movimento dos Flocolares, temos conseguido alimentos, móveis, materiais de higiene, medicamentos e até ajudado a pagar aluguel de alguns imigrantes. Como foram formados grupos de WhatsApp, os imigrantes encontram-se como nação e colocam em comum as dificuldades”, conta Glaci.

Conforme a professora, a demanda pelo curso ampliou-se e começaram a integrar o projeto imigrantes de países como Itália, Tunísia, Paquistão e Venezuela. “O ensino da Língua Portuguesa para imigrantes levou-nos – eu e a professora Simone -, a apresentar a nossa experiência no Simpósio Internacional do Estudo de Gêneros Textuais, em Campo Grande (MS), com publicação de artigo nos anais do congresso”, conta.

A professora revela que além de manter e aprimorar constantemente a iniciativa, há planos para a produção, em parceria com os imigrantes, de uma cartilha trilíngue: em português, créole e espanhol. A publicação deve abranger informações básicas sobre o acesso a direitos à população imigrante em condições de vulnerabilidade. “Existe muito desconhecimento sobre a documentação necessária para regularizar a situação migratória, o que dificulta o acesso a serviços públicos”, explica